A começar pela formação do cirurgião, quando ele termina a residência está apenas se iniciando. A partir daí é que ele vai desenvolver a “coragem de curar”. É imprescindível nesse período contar com a ajuda e orientação de um tutor, um cirurgião mais experiente que vai guiá-lo e encorajá-lo a tomar as decisões mais difíceis. Isso porque ser cirurgião é somar a compaixão e doçura do verdadeiro médico à agressividade do bisturi. Opostos que se tocam e se fundem misteriosamente! Talvez, por isso mesmo, cirurgiões sejam pessoas diferentes, paradoxais e surpreendentes, capazes de um afago e em seguida de proceder, um profundo talho no corpo humano. Dizem que para ser um cirurgião completo o médico deve ter olhos de lince, coração de leão e mãos de moça. Sua vida familiar, muitas vezes é difícil. Exige companheira sensível, compreensiva e filhos tolerantes.
Tudo isso somado a uma postura de alerta constante, exigência detalhista, cobranças intermináveis. O cirurgião é, antes de tudo, um sujeito intrasigente e estóico. Humor , nem sempre o desejável. Se a medicina exige estudo constante, a cirurgia exige estudo e práticas incessantes. O conhecimento cirúrgico é difícil de se obter e arduamente mantido atualizado. Além das doenças, é necessário conhecer as técnicas operatórias - sempre em evolução - e a anatomia detalhada de cada região. E conviver com as exigências do tratamento, confrontadas com as economias do paciente, ao mesmo tempo em que sabe, cada tempo, cada movimento, cada material gastos são fundamentais para o resultado final. No teatro cirúrgico ou sala de cirurgia ou quirófano ele é o autor e o ator, o diretor e o roteirista. Tudo o que acontece na sala de operações tem de ser de seu total conhecimento. Sua atenção no ato operatório tem de ser absoluta. Às vezes conversa, assovia ou cantarola para aliviar suas próprias tensões, muitos gostam de ouvir música durante a cirurgia.
Um bom rock ajuda a melhorar a percepção espacial. Alterna conversas informais - quando o tempo cirúrgico o permite - com silêncios esmagadores, quando todo o seu cérebro, nervos e músculos estão totalmente direcionados a um movimento fino, complexo, essencial. Caminha com instrumentos cortantes e contundentes, por entre estruturas frágeis; porém vitais. Além das pinças, tesouras e agulhas de aço, usa grampeadores e grampos de titânio e bisturis ultrassônicos que vibram 50 mil vezes por segundo. Um descuido, um movimento menos coordenado, pode significar um desastre: uma mutilação ou até mesmo a morte daquele que colocou a sua vida em suas mãos. Toma decisões rápidas e às vezes brutais.
Faz ordens diretas, sem admitir qualquer contestação ou reticências. Nesse ambiente não cabe o “por favor” ou mesmo o “muito obrigado”. Quem não souber se comportar dessa maneira, deve estar trabalhando no local inadequado. Depois , assume a responsabilidade de tudo e por todos. Afinal, ali ele é o escolhido do paciente. Os outros, compõem o seu grupo de trabalho. Essenciais , sem dúvida. Importantíssimos. Mas quase sempre totalmente desconhecidos pela família do paciente, que, entretanto nunca se esquece de quem foi o cirurgião, e é dele que vão ser cobrados os resultados bons ou ruins. Deve fazer um esforço para conjugar a prepotência que caracteriza seu trabalho, com o respeito àqueles que o ajudam. Se o êxito é alcançado numa cirurgia, todos se retiram aliviados e felizes. Contudo, o cirurgião continuará a acompanhar o paciente por muitos dias, mantendo o seu organismo equilibrado depois das inúmeras alterações produzidas pela cirurgia e pela anestesia ou seja , a resposta metabólica ao trauma cirúrgico. Quem opera não dorme tranqüilo. As complicações podem ocorrer a qualquer momento. Só não as tem quem não opera. Passará horas e dias de angustia, na expectativa da resposta terapêutica de seu tratamento. Rezando ou torcendo pela sua evolução, segura e tranqüila.
Esperando que as bactérias não prevaleçam sobre os cuidados de assepsia que foram tomados. Aguardando ansiosamente a eliminação do primeiro flato pelo paciente, que revela a normalização da peristalse intestinal, após uma cirurgia abdominal feita com sucesso. Acostumado a decisões imediatas, tem que aguardar o processo cicatricial do organismo, muitas vezes debilitado pelas doenças que acometiam o paciente. Imediatista tem de se tornar expectante. E, durante todo esse tempo, levar sua vida social e familiar como se nada estivesse a preocupá-lo. Conversando e rindo, muitas vezes seus pensamentos retornam ao hospital, ao quarto do paciente, imaginando o seu estado e a sua recuperação. Enquanto seus amigos , parentes e familiares nada percebem o que vai em seu mais sigiloso interior, ele sofre e se angustia, enquanto sorri e fala tranqüilo... Todo esse fardo não é difícil de carregar para o verdadeiro cirurgião, aliás o que mais deseja esse profissional são muitos pacientes e muitas cirurgias, de preferência as mais complexas e trabalhosas.
Orlando Pereira Faria"O que somos e o que aparentamos ser" No roteiro educativo dos residentes da Clínica Mayo, a sessão aguardada com mais ansiedade por todos, e com sofrimento visceral pelos envolvidos, era a chamada Morte Revisitada. Quinzenalmente, quatro mortes recentes eram analisadas em busca de aprendizado e de erros que pudessem ser convertidos em lições para que – tomara fosse possível – não se repetissem.
Aquela catarse era precedida por trocas de confidências, apoio velado, revisões conjuntas e insônia, muita insônia, porque sem dúvida um dos exercícios mais massacrantes da atividade médica é a retrospecção dos maus casos. Quando temos isenção ao revisar o que aconteceu na trajetória do fracasso, é inevitável descobrir que invariavelmente ocorreram momentos em que alguma coisa não foi bem entendida ou adequadamente valorizada e que, talvez, se tivesse sido, o desfecho poderia ser diferente. Como sempre aprendemos com os nossos erros, nada mais didático do que esquadrinhá-los, em busca de aprendizado para o futuro. Mas como dói! E porque dói a maioria dos médicos e hospitais, mesmo os universitários, fogem dessa prática.
Mais cômodo é atribuir o insucesso à natureza, que além de grande e generosa não tem como se defender. A atividade médica, ancorada numa ciência imprecisa, sem a inflexibilidade dos modelos matemáticos, usa os meios conhecidos de decisão baseados em evidências, e depende de fatores impalpáveis como atenção, bom senso, juízo crítico e experiência. E, se não bastasse, pode ser influenciada por elementos ainda mais fragilizantes como depressão, ansiedade, mau humor e cansaço. Se o dia a dia dessa atividade, tão fascinante e exigente porque lida com o nosso bem mais valioso, está exposto a uma margem de erro tão perturbadora, o mínimo que se espera de um médico responsável é a consciência de sua limitação. Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem resolvidas.
Não há espaço para exibicionismo e arrogância na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto. Em 40 anos de atividade médica intensa, nunca encontrei um posudo que fosse, de verdade, um bom médico. O convívio diário com a falibilidade recicla atitudes, elimina encenações, modela comportamentos e enternece corações. Tenho reiterado isso aos mais jovens: evitem os pretensiosos, porque eles, na ânsia irrefreável de aparentar, gastam toda a energia imprescindível para ser. E ficam assim, vazios. Dr. J J Camargo - Médico-cirurgião torácico do setor de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre.
http://medicinahospitalar.blogspot.com/2012/10/o-que-somos-e-o-que-aparentamos-ser.html?m=1Quando uma amiga francesa me disse que tinha visto uma placa alusiva à participação dos brasileiros na Primeira Guerra Mundial no jardim do Hôpital de Vaugirard em Paris, franzi a testa e a corrigi com um sorriso condescendente: “Segunda Guerra”. Ela me sorriu de volta: “Não, Primeira. Me lembro de ter visto as datas 1914-1918. Tenho certeza.” Oi??!!! Como assim? Nós não participamos da Primeira Guerra Mundial!!! Ou participamos?? Vasculhei todos os cantos da minha memória procurando uma referencia sobre isso e não encontrei nenhuma. Só encontrei o sorriso dela de certeza absoluta. Constrangida com minha ignorância, me fingi de morta mas registrei mentalmente que ia checar aquela informação. Foi assim que desci na estação de metrô Convention (linha 12) e fui caminhando pela rue Vaugirad em direção à Porte de Versailles.
Cinco minutos de caminhada e cheguei ao Jardim do Hôpital de Vaugirard. O lugar é um pequeno oásis verde com uma longa alameda ladeada por gramados verdinhos, muitos bancos e árvores. Flanei pelo lugar a procura da placa e depois de alguns minutos eu a encontrei. Sim, lá estava ela. Meu francês é bem meia-boca mas deu pra entender o que estava escrito: “Aqui se ergueu o hospital franco-brasileiro dos feridos de guerra criados e mantidos pela colônia brasileira de Paris como contribuição na causa aliada 1914-1918. Placa inaugurada por ocasião do 80° aniversário da presença da Missão Médica Brasileira Especial na França.” Gelei. Uma Missão Médica Brasileira na França na Primeira Guerra Mundial? Como eu nunca ouvi falar sobre isso?!!!! Como é que eu conheço toda a história do American Field Service, uma organização voluntária de norte-americanos para tratar os feridos durante a Primeira Guerra e nunca sequer ouvi falar de uma Missão Médica do meu próprio país???!!!! Imperdoável!!! Com a ajuda do meu incansável amigo google, sentei em um dos bancos e pesquisei sobre o assunto. Descobri uma história fantástica de coragem, sacrifício e competência quando um navio brasileiro (La Plata) saiu do porto do Rio de Janeiro em 1918 iniciando uma viagem que seria, difícil, perigosa e trágica.
O perigo rondava os mares com a presença dos famigerados U-boats alemães, submarinos de alta tecnologia que afundavam qualquer barco (política da Guerra Submarina Irrestrita) militar, mercante ou de passageiros, mesmo de países neutros. Inicialmente neutro, o Brasil só se declarou em estado de guerra em outubro de 1917 posicionando-se com os Aliados (EUA, França, Grã-Bretanha) por ter tido vários navios mercantes civis brasileiros afundados pelos alemães. Sem uma marinha ou exercito preparado para conflitos da envergadura de potências belicosas como Alemanha, Rússia, EUA e Grã-Bretanha, a ajuda do Brasil para o esforço de guerra foi muito mais voltada à causa humanitária. É aí que entra a Missão Médica Militar Brasileira (MMMB). O La Plata levava a bordo 168 brasileiros entre médicos, cirurgiões, enfermeiros e farmacêuticos voluntariados para a missão, além de alguns oficiais da marinha e exército, cujo objetivo era chegar a Marsellha e de lá seguir para Paris para instalar e operar um hospital com capacidade para 500 leitos para cuidar dos feridos da guerra.
Os franceses cederam o belo prédio de um antigo convento jesuíta na rue Vaugirard e o hospital brasileiro foi instalado ali recebendo principalmente soldados franceses classificados como “grandes feridos”. Quando a Guerra terminou no final de 1918, o hospital, considerado pelos franceses como de ponta, ainda funcionou até 1919 atendendo a população civil francesa que ainda lutava contra a pandemia da gripe espanhola que varreu a Europa naquele ano. Com a desmobilização do hospital militar, alguns médicos foram convidados a permanecer na França, mas a maioria retornou ao Brasil. Os franceses jamais se esqueceram desse ato fraterno dos brasileiros e alí estava eu diante da prova, em frente àquela placa.
Fiquei envergonhada por desconhecer essa história, que é muito mais emocionante que vcs possam imaginar. Fiquei pensando: Pq não nos falam sobre isso na escola? Pq escondem de nós os nossos heróis? Pq nos autodenominamos “terra do samba e futebol” quando somos tão mais que isso? Estou escrevendo esse post por duas razões: a primeira é para mostrar como os franceses são gratos por nossa ajuda; a segunda é para desafiar vc a ir além da nossa mediocridade escolar. Se estiver em Paris, visite o Jardin Hôspital Vaugirard (metrô Convention), mas antes, para dar significado à sua visita, conheça essa história em detalhes em http: //www.revistanavigator.com.br/navig20/art/N20_art2.pdf e também no livro “O Brasil na Primeira Guerra” de Carlos Darós (ed. Contexto). Sim, nós também temos nossos heróis... e não são aqueles q jogam bola ou participam de reality shows."
William Morton é considerado o “pai da anestesia”. Esse dentista americano idealizou um inalador de éter para realizar extrações dentárias sem dor, sendo a novidade publicada no “Boston Daily Journal“, em setembro de 1864. Após a repercussão, ele foi convidado a utilizar seu aparelho no renomado Massachusetts General Hospital. Em 16 de outubro de 1864 o famoso cirurgião John Waren removeu um pequeno tumor, no pescoço de um jovem, com a ajuda do éter administrado por Morton, na que foi considerada a primeira anestesia geral com sucesso.
Mas foi essa realmente a primeira anestesia — um bom sono profundo e ausência de dor? O Ocidente desconhecia o japonês Seishu Hanaoka (1760-1835), que realizava cirurgia e anestesia em Wakayama, sua cidade natal. Desejava salvar mulheres com câncer de mama e para isso aprendera como remover o tumor. Permanecia o desafio em prevenir a dor, e para isso pesquisava a associação mais eficaz de ervas da tradicional medicina chinesa, conhecidas há milhares de anos. Tomio Ogata, professor da Universidade de Tóquio, na revista Anaesthesia, enfatizou como Shakespeare (1564-1616) já havia explorado o efeito analgésico das ervas na peça “Antônio e Cleópatra”, quando a rainha egípcia pede: “... me dê para beber mandrágora, para que eu possa dormir enquanto Antônio está ausente.” Hanaoka fez experimentos combinando diferentes plantas com efeito analgésico e hipnótico — Datura, Aconitum e Angelica –, mas tóxicas, dependendo da dosagem.
Após testes em cachorros e gatos, pensou ter encontrado a fórmula correta. Precisava testar em humanos, e sua esposa foi voluntária. A mistura a deixou cega, levando Hanaoka a viver o restante de sua vida com a culpa pelo fato. Após 20 anos de novas experimentações, conseguiu uma fórmula adequada de ervas que, fervida e ingerida ainda quente, deixava o paciente inconsciente e insensível à dor. A anestesia durava de 6 a 10 horas. Com isso, pôde remover, em 1804, um câncer no seio da senhora Kan Aiya, sem lhe causar dor ou outros efeitos indesejados. Hanaoka fez mais de 150 cirurgias semelhantes e ensinou sua técnica a inúmeros discípulos, num Japão que na época mantinha contato apenas com a Holanda. Com a introdução do uso de éter e do clorofórmio, a técnica de Hanaoka deixou de ser usada.
Mas ele será sempre lembrado pelo seu pioneirismo, representado pela flor da datura, o principal ingrediente de sua fórmula, no emblema da Sociedade Japonesa de Anestesia. Merecia o reconhecimento internacional, com um respeitoso título de “avô da anestesia”."
BASEAR-SE SEMPRE EM DEUS
- Orar diariamente, comunicando a Deus como deseja que seu dia se desenvolva
- Viver de forma alegre, radiante, positiva e tranquila TER ESPÍRITO DE SERVIR O PRÓXIMO
- Devemos felicitar a si e aos outros
TER MUITO CUIDADO COM A PRESUNÇÃO
- Medicina é uma profissão como outra qualquer
- Todas as funções são importantes para a sociedade
ASSOCIAR O CONHECIMENTO TÉCNICO AO CONTEÚDO ESPIRITUAL
- Aprimorar-se como ser humano, desenvolvendo a capacidade de ser útil
- Aprimorar-se como profissional, estudando com afinco e infinitamente
NÃO SE PRENDER ÀS SUAS CONVENIÊNCIAS, PENSANDO SOMENTE EM SI
- Vivemos num estado de interdependência
- Todos os seres humanos são filhos de Deus e iguais perante os olhos de Deus
MANTER O ESTADO ESPIRITUAL SEMPRE SERENO, ACEITANDO OS RESULTADOS E AS OBRAS DIVINAS
- Nada escapa da vontade de Deus
LEMBRAR-SE QUE DEUS É ESPELHO DE SEU SENTIMENTO
- O que depositamos no Universo, Ele nos devolve
MUITO CUIDADO COM O SENTIMENTO DE TEIMOSIA
- A teimosia é um entrave para o sucesso pessoal e profissional
- Não se prender aos conceitos de “certo” e “errado”
TER GRATIDÃO À EQUIPE MULTIDISCIPLINAR E AOS FUNCIONÁRIOS DA UNIDADE DE SAÚDE
- A gratidão é o combustível da felicidade
- Desempenhamos nossa função graças à colaboração de inúmeras pessoas
COMPREENDER O PACIENTE, PROCURANDO SE COLOCAR NO SEU LUGAR
- Cada ser humano é único
- Agir com flexibilidade, moldando-se ao paciente"
A videocirurgia é considerada por muitos a maior revolução no campo cirúrgico desde a invenção da anestesia. Este grande avanço permitiu a realização de cirurgias menos agressivas sob um excelente campo de visualização. O alemão Philipp Bozzini é reconhecido como o pai da laparoscopia ao realizar a primeira visualização de um órgão interno – a uretra. Tal feito histórico ocorreu em Frankfurt no ano de 1806.
O cistoscópio de Desormeaux de 1865, constituído de um sistema rudimentar de lentes, foi considerado o primeiro endoscópio. O sistema foi aprimorado por Max Nitze em 1877. A primeira cirurgia laparoscópica foi realizada em um cão vivo no ano de 1901 pelo cirurgião alemão Georg Kelling. No mesmo ano o ginecologista russo D. O. Ott realizou a avaliação intra-abdominal através de um espéculo (ventroscopia). A cirurgia videolaparoscópica foi criada na Alemanha em 1985.
A primeira colecistectomia (retirada da vesícula biliar) videolaparoscópica da América do Sul ocorreu em 1990. Seu autor foi o Dr. Thomas Szego. A cirurgia robótica foi desenvolvida nos EUA em 1999 (sistema Da Vinci) e foi implementada no Brasil em 2008."